"Mais AD foi criada pela Assembleia de Deus para facilitar a comunicação entre os irmãos e propagar a Palavra via redes sem fio."
"ÉÉÉÉÉÉÉÉ DO BRASIIIL!!!!" |
Milhares de homens de terno, barba bem feita e bíblia em cima do colo levantam os braços e gritam amém. Faz calor e não é possível encontrar uma única mulher entre os cinco mil cocurutos masculinos que se espalham pelos bancos do templo. “Nós esperamos, amados, que a Mais AD seja uma benção para todos nós!”, diz o pastor, um senhor de semblante curvado e aspecto frágil. Uma salva de palmas formaliza o fim do culto e dezenas de pessoas de colete azul são convidadas a subir ao palco e tirar uma grande foto com o pastor, que permanece atrás do púlpito. O pastor em questão é José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil, e as pessoas de colete azul são os primeiros vendedores da Mais AD, a única operadora de celular destinada aos membros da Assembleia de Deus.
A SORRIDENTE CLÁUDIA CÉZAR, UMA DAS PRIMEIRAS VENDEDORAS, ESTÁ ANSIOSA PARA COMEÇAR A VENDER OS CHIPS |
O anúncio foi feito nessa quinta-feira (1) em um templo no bairro do Belém, zona leste de São Paulo. A ideia da Mais AD, sintetizada no slogan “Deixe a fé falar mais alto”, é aproveitar o entrosamento do povo brasileiro com tablets e smartphones para evangelizar através das plataformas digitais. “Admiro o pastor por ter colocado a Assembleia de Deus dentro da revolução tecnológica”, disse à GALILEU Raul Aguirre, diretor-geral da nova operadora.
Analisando os números, a Mais AD parece ser aquele tipo de coisa que não tem como dar errado. “Todos os municípios do Brasil têm uma Assembleia de Deus. E quase todas as vilas também”, afirma o pastor José Wellington. O número de membros da Assembleia varia entre 18 e 25 milhões de brasileiros, dependendo de quem fornece o dado – ao todo são cerca de 40 mil templos em território nacional. A equipe inicial é formada por sete supervisores e 45 vendedores em stands exclusivos – aqueles do colete azul – todos membros da igreja. Além disso, haverá 400 colaboradores voluntários que farão a venda dos chips de porta em porta. É irmão vendendo para irmão.
Uma dessas vendedoras é a gestora de RH Cláudia Cézar, de 35 anos. Cláudia frequenta a igreja desde criança e começou a se interessar pelos cultos por causa do pai. “É legal porque estou usando uma ferramenta da religião que acredito, é como se eu vestisse a camisa da empresa em que eu trabalho”, explica. “Meus amigos da igreja também vão comprar o chip, isso vai ser fácil”.
Desculpe, mas a frase ficou sem sentido! |
Os chips começam a ser vendidos no dia 5 de outubro e a projeção da Mais AD é ambiciosa: conseguir um milhão de usuários já no primeiro ano e, até 2025, ser a maior operadora de telefonia móvel do país, superando inclusive a própria Vivo, empresa que credencia os serviços prestados pela mais AD. O valor do investimento para a criação da empresa não foi revelado, mas uma coisa é certa: não há restrições para quem é de fora da congregação. “Isso é um comércio”, finaliza o pastor José Wellington com um sorriso no rosto.